Uma alta responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS) trouxe maiores esclarecimentos nesta terça-feira (09/06) sobre casos raros de transmissão do coronavírus por pessoas assintomáticas. Segundo ela, houve “um mal entendido”. As informações são do RFI
Devido à forte repercussão, desde a noite de segunda-feira (08/06) sobre as declarações realizadas horas antes, Maria Van Kerkhove, responsável técnica da célula encarregada da gestão da pandemia na OMS, se retratou, publicando mensagens no Twitter.
“Estudos completos sobre pessoas assintomáticas são difíceis de serem realizados, mas as provas disponíveis a partir do rastreamento de contatos fornecidos pelos Estados-membros da OMS, sugerem que as pessoas contaminadas e assintomáticas são muito menos suscetíveis de transmitir o vírus que aquelas que desenvolvem sintomas”, publicou.
Durante um debate transmitido pelo Twitter da OMS nesta terça-feira, a epidemiologista reconheceu que houve um “mal entendido” e expressou seu desejo de realizar um “esclarecimento”.
“Eu me referia a um pequeno número de estudos, dois ou três”, declarou. “Utilizei essa expressão ‘muito rara’, mas foi um mal entendido dizer que as transmissões assintomáticas são globalmente muito raras. Eu me baseei em um pequeno grupo de pesquisas”, retratou-se.
Reação da comunidade científica
Na segunda-feira (08/06) que, Maria Van Kerkhove havia declarado que, na base de estudos realizados em diversos países, a transmissão do vírus por uma pessoa assintomática era algo “muito raro”.
“Tentamos receber as maiores informações dos países para responder a essa questão. Mas parece raro que uma pessoa assintomática trasmita a doença”, afirmou a epidemiologista durante uma coletiva de imprensa virtual da OMS.
As declarações tiveram fortes repercussões nas redes sociais, fazendo reagir a comunidade científica em todo o mundo.
“Contrariamente ao que a OMS anunciou, não é cientificamente possível afirmar que os portadores assintomáticos da SARS-CoV-2 sejam pouco contagiosos”, afirmou em sua conta no Twitter Gilbert Deray, médico no hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris.
Já o professor Liam Smeeth, da London School of Higiene and Tropical Medicine se disse surpreso com a revelação. “Há incertezas no plano científico, mas as infecções assintomáticas poderiam ficam em torno de 30% à 50% dos casos. Os melhores estudos atualmente sugerem que até a metade dos casos foram infectados por pessoas assintomáticas ou pré-sintomáticas””, indicou em um comunicado.
Assintomáticos podem ser entre 30% e 60% dos casos
Os assintomáticos e os pré-sintomáticos intrigam a comunidade científica. Os primeiros podem não desenvolver nenhum sintoma do coronavírus. Já os pré-sintomáticos são os pacientes no estágio inicial da doença, que foram contaminados, mas ainda não apresentam os indícios dela. Eles podem contribuir diretamente para o avanço na curva de casos, por não se isolarem ao ignorarem que são portadores da Covid-19.
Recentemente, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), revelou que 35% dos infectados no país são assintomáticos. Na França, o Instituto Pasteur indicou em abril que entre 30% e 60% dos contaminados não apresentavam nenhum indício da Covid-19.
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