Saúde

Estudo da Fiocruz identifica variante na Bahia que pode ser resistente à imunidade

Essas mudanças no vírus reforçam que SARS-CoV-2 está em um natural processo de evolução e adaptação diante do cenário de aumento no número de pessoas com anticorpos.

Piero Cruciatti/AFP
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    Um estudo produzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) aponta que a disseminação sem controle do SARS-CoV-2 no Brasil já gerou mutações das variantes do novo coronavírus que circulam no país. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (22/3) pelo portal UOL.

    O levantamento genômico identificou “mutações preocupantes” em 11 sequências do vírus em cinco estados: Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná e Rondônia.

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    De acordo com a matéria, essas mudanças no vírus reforçam que SARS-CoV-2 está em um natural processo de evolução e adaptação diante do cenário de aumento no número de pessoas com anticorpos.

    As amostras analisadas fazem parte da Rede de Vigilância Genômica Covid-19 da Fiocruz e foram colhidas entre 12 de março de 2020 e 28 de fevereiro de 2021. Ao todo, 31 pesquisadores assinam o artigo.

    “Identificamos que linhagens SARS-CoV-2 circulando no Brasil com mutações preocupantes no RBD [domínio de ligação ao receptor] adquiriram, de forma independente, deleções convergentes e inserções no NTD [domínio do terminal amino] da proteína S. Esses achados apoiam que a contínua transmissão generalizada do SARS-CoV-2 no Brasil está gerando novas linhagens virais que podem ser mais resistentes à neutralização do que as variantes parentais preocupantes”, diz o estudo publicado hoje.

    A publicação passará agora por um processo de certificação e validação dos pares, ou seja, pela análise de outros pesquisadores da área para confirmação de métodos e resultados.

    “Esses achados destacam a necessidade urgente de abordar a eficácia das vacinas SARS-CoV-2 para aquelas variantes emergentes do SARS-CoV-2 e o risco de transmissão comunitária não controlada contínua do SARS-CoV-2 no Brasil para a geração de variantes mais transmissíveis”, apontam os autores.

    A preocupação dos cientistas é que as mudanças do vírus ocorrem justamente em área vital para que ele consiga se fixar nas células humanas.

    “Essas mutações preocupam porque foram em regiões onde nossos anticorpos reconhecem e neutralizam o vírus. Por isso tivemos urgência em compartilhar esse artigo para o mundo saber o que está ocorrendo”, explica.

    Ao todo, no mundo existem em torno de 840 mil genomas cadastrados, sendo mais de 4.500 deles do Brasil (um terço deles inseridos no sistema pela rede da Fiocruz).

    “Uma hipótese é que essa grande mudança de pressão de seleção no genoma do vírus é impulsionada pelo aumento da imunidade da população humana adquirida em todo o mundo a partir da infecção natural por SARS-CoV-2. Nossos resultados sugerem que o SARS-CoV-2 está continuamente se adaptando”, dizem os especialistas.

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