Saúde

Anvisa proíbe venda de todas as pomadas para modelar e trançar cabelos no Brasil

Agência já havia suspendido dezenas de marcas anteriormente, mas estendeu veto nesta sexta-feira como medida preventiva enquanto investiga efeitos indesejáveis graves

Reprodução
  • Por Agência O Globo

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    A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira no Diário Oficial da União uma resolução em que proíbe a comercialização de todas as marcas de pomadas para modelar e trançar os cabelos no Brasil “considerando os relatos de eventos adversos graves relacionados a intoxicação ocular”.

    A medida, com caráter preventivo, vem após 27 produtos de fabricantes específicas terem sido suspensos enquanto a agência investiga diferentes formas de lesão nos olhos, como cegueira temporária e forte ardência da região, consequentes do uso.

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    “Enquanto a medida estiver em vigor, nenhum lote de qualquer desses produtos pode ser comercializado e não deve ser utilizado por consumidores e profissionais de beleza. Mesmo exemplares adquiridos anteriormente e existentes nas residências ou em salões de beleza não devem ser utilizados neste momento”, diz a Anvisa, em nota.

    Para a próxima semana, está prevista uma reunião com o setor produtivo das pomadas no Brasil para discutir os procedimentos necessários para que elas sejam regularizadas.

    Além da perda temporária da visão e da ardência nos olhos, a agência afirma que os relatos envolvem outros efeitos como lacrimejamento intenso, coceira, vermelhidão, inchaço ocular e dor de cabeça. O órgão destaca ainda que, de acordo com as informações disponíveis, as queixas aconteceram principalmente depois de banhos de mar, piscina, ou mesmo de chuva após o uso dos produtos.

    “Produtos de uso cosmético para modelagem dos cabelos usualmente possuem substâncias químicas que interferem na forma e volume. Em contato com a água, elas podem escorrer para os olhos provocando toxicidade ocular aguda. Esses produtos podem permanecer nos cabelos por horas ou dias”, explicou o médico oftalmologista Evandro Lucena, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia e Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, ao jornal O Globo.

    Segundo a Anvisa, foi feita uma avaliação de risco “em conjunto com o Ministério da Saúde e vigilâncias sanitárias locais”. “Diante do número de ocorrências, distribuição geográfica e diversidade de marcas envolvidas, a medida mais segura é interditar estes produtos até que todas as providências possíveis sejam adotadas para evitar novos eventos”, acrescenta.

    No comunicado, a agência afirma que, junto às autoridades sanitárias estaduais e municipais, está investigando as queixas, os produtos envolvidos e as empresas fabricantes, e continuará a publicar medidas específicas para determinadas marcas à medida que houver novas evidências.

    “A interdição cautelar é uma medida preventiva e temporária para proteger a saúde da população e permanece vigente enquanto são realizados testes, provas, análises ou outras providências requeridas para a investigação e conclusão do caso”, esclarece.

    Para os consumidores, o órgão orienta o não uso das pomadas. Mas, se tiverem sido utilizadas recentemente, pede que os cabelos sejam lavados com cuidado, sempre com a cabeça inclinada para trás, para evitar que a substância entre em contato com os olhos.

    Em caso de contato, recomenda que os olhos sejam lavados imediatamente com água em abundância. Se houver efeito adverso, o serviço médico de saúde mais próximo deve ser procurado também de maneira imediata. Além disso, é possível notificar o caso por meio do site da Anvisa.

    Para os profissionais que usam as pomadas, a orientação é que elas deixem de ser utilizadas, lembrando que pode haver riscos também para os aplicadores. “Não existe determinação de recolhimento no momento, mas o produto deve ficar separado e não deve ser exposto ao consumo ou uso”, diz a Anvisa.

    A agência pede ainda que profissionais da saúde que atendam pessoas com os efeitos adversos das pomadas notifiquem o caso ao órgão por meio do site. As informações são da Agência O Globo.

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