O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Fabricio de Queiroz, foi preso pela Polícia Federal na operação Anjo na manhã desta quinta-feira (18/06). O também policial militar, se tornou a dor de cabeça do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) logo nos primeiros dias de seu governo.
Entenda o caso envolvendo o ex-assessor:
Em um relatório feito pela Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no dia 6 de dezembro de 2018, identificou uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta nome de Fabrício José Carlos de Queiroz. Segundo o órgão, valor se refere ao período entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Na época, ele estava registrado como assessor parlamentar do deputado federal e senador Flávio, filho mais velho do presidente.
Além de motorista, atuava como segurança do deputado. Queiroz foi exonerado do gabinete no dia 15 de outubro de 2019.
A família Bolsonaro se posicionou sobre o caso no dia 7 de janeiro do ano passado. Sobre o cheque de R$ 24 mil que havia sido depositado na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O chefe do Executivo disse o valor se referia a um pagamento de parte de uma dívida que o motorista teria com o próprio presidente. O valor seria estimado seria de R$ 40 mil.
“Emprestei dinheiro para ele em outras oportunidades. Nessa última agora, ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou”, disse o presidente à época.
Para Flávio Bolsonaro à imprensa, a explicação do PM sobre a movimentação de R$ 1,2 milhão foi “plausível”. O senador saiu em defesa de Fabricio no Twitter. “Trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança”, escreveu, na rede social. “Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta. ” Ele já havia sido procurado pelo Estado para dar uma explicação, e havia dado respostas no mesmo sentido.
Na sua tradicional transmissão de quinta, na época, Bolsonaro disse: “Se algo estiver errado, que seja comigo, com meu filho, com o Queiroz, que paguemos a conta desse erro, que nós não podemos comungar com o erro de ninguém. ”
MP abre investigação
Com base no relatório do Coaf, o Ministério Público do Rio abriu 22 procedimentos de investigação criminal. Com isso, são marcados os primeiros depoimentos para esclarecer o caso.
Além disso, uma análise na movimentação financeira de Fabrício Queiroz mostrou que funcionários lotados no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj repassavam valores equivalentes até 99% do salário que recebiam. Foi esse o caso de Nathalia, filha de Queiroz.
Segundo a investigação, outras duas servidoras repassaram de 24% e 46% do valor de seus salários. Cerca de 57% dos depósitos feitos na conta de Queiroz ocorreram no dia do pagamento dos salários na Alerj no período investigado, ou até três dias úteis depois.
O MP do Rio marcou dois depoimentos para o ex-assessor Fabrício Queiroz, só que alegando motivos de saúde, ele faltou os dois. Os depoimentos seriam para explicar suas movimentações financeiras.
Foi depois de perder a segunda audiência que o investigado concedeu uma entrevista ao SBT. À emissora, disse que a movimentação de R$ 1,2 milhão ao longo de um ano é resultado de seus negócios com venda de carros. Queiroz, contudo, não explicou os depósitos feitos em sua conta por funcionários do gabinete e familiares empregados por Flávio e o presidente eleito.
Depois da entrevista comunicou o Ministério Público que passaria por uma cirurgia urgente. Na ocasião, segundo a promotoria, ele apresentou “atestados que comprovam grave enfermidade”.
Assim como ele, o senador Flavio também faltou ao depoimento marcado para o caso, no dia 10 de janeiro. Em nota, o filho mais velho do presidente disse que não é investigado e que não teve acesso aos autos do procedimento aberto pelo MP.
Flávio, que não é obrigado a comparecer, prometeu marcar uma nova data para depor. Já o procurador responsável pelo caso disse que pode encerrar a investigação e oferecer denúncia à Justiça sem que eles prestem depoimento.
Queiroz foi internado no dia 30 de dezembro e submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor maligno no intestino, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele disse que pagou a conta dos serviços médicos com recursos próprios e declarou ter recibo para comprovar, mas não quis dizer quanto custou. Um dia após receber alta, o PM disse ao Estado que esclarecerá “em breve” as movimentações atípicas em sua conta apontadas pelo Coaf, sem especificar quando isso ocorrerá.
Três dias depois, um vídeo no qual ele aparece dançando no hospital, enquanto toma soro, viralizou nas redes sociais. A defesa de Queiroz divulgou uma nota oficial afirmando que o vídeo foi feito em um “raro momento de descontração na visita deles no Albert Einstein”, pois ele passaria pela cirurgia nas horas seguintes, “inclusive com risco de morte”. Segundo seu advogado, seu vídeo teria sido feito no dia 31 de dezembro, à meia noite. Em um novo vídeo, ele afirmou estar revoltado com a circulação do vídeo e que estava apenas comemorando a virada do ano com a sua família.
Nesta quinta, ele foi preso pela Polícia Federal por participação em suposto esquema de ‘rachadinha’ na Alerj. A PF encontrou ele em Atibaia, interior de São Paulo. O mandado de prisão preventiva , ou seja, tempo indeterminado foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro num desdobramento da investigação.
Ele foi encontrado em um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Wassef estava na posse do novo ministro das Comunicações nesta quarta-feira (17/06).
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