Política

Bolsonaro: “Devemos lutar é contra o vírus e não contra o presidente”

Ele ainda citou uma entrevista com um representante da OMS que aconselha governos “parem de usar lockdowns como fonte primária de combate ao vírus”

Fernando Frazão/Agência Brasil
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    Em sua fala durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou as medidas determinadas pelos governadores contra a pandemia de Covid-19 e afirmou que é preciso “lutar contra o vírus e não contra o presidente”.

    “Eu devo mudar o meu discurso? Eu devo me tornar mais maleável? Devo ceder? Fazer igual a grande maioria tá fazendo? Se me convencerem do contrário, faço, mas não me convenceram ainda. Devemos lutar é contra o vírus e não contra o presidente”, afirmou Bolsonaro.

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    “Parece que no mundo todo só no Brasil tá morrendo gente. Lamento o número de mortes. Qualquer morte. Não sabemos onde isso vai acabar. Se vai acabar um dia. […] Se ficar em lockdown 30 dias e acabar com o vírus, eu topo, mas sabemos que não vai acabar.”, disse o presidente.

    Nos últimos dias, o chefe do Executivo federal tem mudado o posicionamento em relação a covid-19. Antes chegou a minimizar a crise sanitária, provocar aglomerações e não usar máscara em locais públicos.

    Ele ainda citou uma entrevista com um representante da OMS (Organização Mundial da Saúde), David Nabarro, afirmando que é preciso retomar a vida social e a economia sem que isso aumente o números de casos e mortes por covid-19.

    Nabarro aconselhou que os governos “deixem de confiar nos lockdowns para combater surtos” e “parem de usar lockdowns como fonte primária de combate ao vírus”. Segundo ele, as medidas que visam fechar a economia afetam desproporcionalmente os mais pobres. As afirmações dele foram feitas em uma entrevista em outubro do ano passado.

    “Me chamam de negacionista ou de ter um discurso agressivo. Respeite a ciência! [O lockdown] não deu certo. Não estou afrontando ninguém. Estou seguindo a OMS. Não podemos transformar os pobres em mais pobres”, declarou Bolsonaro.

    O Brasil vivencia uma alta de mortes relacionadas a doença respiratória. Nesta segunda-feira (23/3), foram contabilizados 1.570 novos falecimentos e totalizou 295.685 desde o início da pandemia. De acordo com dados do consórcio de imprensa, já são 63 dias com a média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, e pelo décimo quinto dia a marca aparece acima de 1,5 mil.

    As medidas restritivas anunciadas pelo Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul fez com que Bolsonaro movesse uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) argumentando que o poder de toque de recolher deve ser dado aos municípios, sendo votado nas casas legislativas. O ministro Marco Aurélio será o relator.

    Esses estados anunciaram toque de recolher e fechamento parcial do comércio. O presidente argumenta que as medidas são inconstitucionais.

    A mesma Casa que analisará a ação de Bolsonaro, no ano de 2020 concedeu a União, estados e municípios autonomia para anunciar medidas contra a pandemia. No entanto, a Corte não tirou de cena o governo federal de centralizar essas ações.

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