O vereador de Caxias do Sul, Sandro Fantinel (Patriotas), usou a tribuna na Câmara dos Vereadores nesta terça-feira (28/2) para proferir discurso de ódio contra os baianos. Ele se posicionou sobre o caso dos trabalhadores, maioria da Bahia, resgatados de condições análogas a escravidão.
“Com os baianos, que a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema”, disse o vereador
O edil sugeriu que agricultores, produtores e empresas agrícolas da região dessem preferência a “trabalhadores argentinos” pois eles seriam “limpos, trabalhadores, corretos”. Ele ainda chamou o caso ocorrido em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, de “exagerado e midiático”.
A fala do vereador gerou revolta nos demais vereadores, que chegaram a registrar um boletim de ocorrência.
Fantinel ainda citou um alojamento que visitou recentemente e criticou a situação encontrada. “Sou contra qualquer tipo de maus-tratos a funcionários de qualquer área. Conheço vários produtores da Serra, conheço os alojamentos onde os funcionários ficam. São simples, humildes, mas são temporários. O importante é que sejam limpos”, disse.
“Por causa desse caso, visitei um alojamento aqui próximo de Caxias que o produtor me chamou para ir ver. Ele havia contratado os funcionários por 30 dias e cedeu o alojamento. Os caras trabalharam uma semana e meia e pediram as contas. Não dava para entrar no alojamento, com o fedor de urina e podre, e com a imundícia que eles deixaram em uma semana e meia. E a culpa é de quem? Agora o patrão vai ter que pagar empregada para fazer a limpeza todo dia pros “bonito” também? Temos que botar eles em hotel cinco estrelas para não ter problema com o Ministério do Trabalho?”
Ele pediu para os vereadores e produtores rurais que “não contratem mais aquela gente lá de cima”, se referindo aos baianos. “Deixem de lado aquele povo que é acostumado com Carnaval e festa para vocês não se incomodarem novamente”, disse o edil.
“Todos os agricultores que tem argentinos trabalhando hoje só batem palma. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantêm a casa limpa e no dia de ir embora ainda agradecem o patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro que receberam. Em nenhum lugar do Estado, na agricultura, teve um problema com argentinos. Agora com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. Deixem de lado aquele povo que é acostumado com Carnaval e festa para vocês não se incomodarem novamente, que isso sirva de lição. E vou mais longe, o problema foi tão grave, foi uma escravidão tão grave, que além dos caras voltarem bêbados para o trabalho, teve vários desse mesmo grupo que não quiseram ir embora, e quiseram permanecer na empresa e continuar trabalhando. Se estava tão ruim a escravidão, como que alguns do próprio grupo não quiseram ir embora?”, declarou Fantinel.
A fala gerou revolta nos vereadores presentes. “A gente acabou de se deparar com uma situação de xenofobia e preconceito ao povo baiano nas palavras do vereador Fantinel, então solicito que o vereador suprima sua fala, não desresponsabilizando ele do ato que acabou de acontecer nesse parlamento”, disse o vereador Lucas Caregnato (PT).
Mais de 200 trabalhadores foram resgatados de um alojamento onde eram mantidos em situação análoga a escravidão em Bento Gonçalves, no RS. A operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Polícia Federal (PF) libertou as pessoas, maioria da Bahia.
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