O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparou na última quarta-feira (27/05), o Holocausto a uma operação da Polícia Federal que apura um esquema ilícito de propagação de notícias falsas.
A fala de Abraham foi repudiada pelo Comitê Judaico Americano. Acontece que não foi só Weintraub que no governo Bolsonaro fez citações nazistas.
Roberto Alvim
Foi em janeiro que o até então secretário especial da Cultura, Roberto Alvim usou a fala de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, para anunciar o Prêmio Nacional das Artes. A pasta está ligada ao Ministério do Turismo, chefiado por Marcelo Álvaro Antônio.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”, disse Alvim.
A fala foi provocou reações e resultou na demissão de Alvim. Até o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu o afastamento imediato de Alvim. Ele foi substituído pela atriz Regina Duarte.
“Arbeit macht frei”
Ao publicar um vídeo para criticar a imprensa brasileira sobre os ataques ao governo Bolsonaro, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência utilizou a frase “Arbeit macht frei”, ou “O trabalho liberta”, em tradução livre, que estampava os portões do campo de concentração nazista de Auschwitz.
Após a repercussão negativa, o chefe da Secom, Fabio Wajngarten, negou que o texto faça referência ao nazismo e repudiaram a associação.
“Repudiamos veementemente qualquer associação desta postagem com quaisquer ideologias totalitárias e genocidas. O Estado Brasileiro sempre foi um grande parceiro da comunidade judaica, bem como do Estado de Israel, como provam os fatos, para além das ilações forçadas e maldosas”, diz a Secom em resposta ao post publicado anteriormente.
Abraham Weintraub
O ministro da Educação (MEC) usou o Twitter para comparar o Holocausto a uma operação da Polícia Federal que apura um esquema ilícito de propagação de notícias falsas.
“Hoje foi o dia da infâmia, vergonha nacional, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!”, disse em rede social nessa quarta-feira (27/05).
Hoje foi o dia da infâmia, VERGONHA NACIONAL, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL! pic.twitter.com/8rIGUbRSIM
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) May 27, 2020
A batizada de “Noite dos Cristais” marcou a marcou o início da investida da Alemanha Nazista contra o povo judeu. Nesse dia, no país sob domínio de Adolf Hitler, foram queimadas 256 sinagogas, destruídos cerca de 7 mil estabelecimentos comerciais e quase 100 judeus foram assassinados pelo aparato nazista. A data marcou o início da perseguição em massa que resultou no genocídio de mais de 6 milhões de pessoas.
O Comitê Judaico Americano repudiou a fala do ministro: “Basta! O reiterado uso político de termos relacionados ao Holocausto por autoridades do governo brasileiro é profundamente ofensivo ao mundo judeu e insulta as vítimas e sobreviventes do terror nazista”, afirmou o comitê, um dos mais importantes nos Estados Unidos.
Enough is enough!
The repeated political weaponization of Holocaust language by Brazilian government officials is profoundly offensive to world Jewry and an insult to the victims and survivors of the Nazi terror.
It needs to stop immediately. https://t.co/u83oO4hblJ
— American Jewish Committee (@AJCGlobal) May 28, 2020
Siga o Jornal do Sisal no Google News e seja alertado quando uma notícia na sua região for postada. Clique aqui!
Comentários